 
 Chegamos a Palmares por volta das 15  horas depois de passar quatro horas em Barreiros. Deparamos-nos   com um cenário dramático: o rio Una, mais uma vez, transbordando de  canto a canto. Duas pontes sobre o Una desabaram. Una, logo na BR-101, e  outra no centro. A polícia federal bloqueou o acesso de carros a parte  inundada, porque em algumas ruas as águas do rio chegaram a transbordar  cerca de três metros.
 
  A solução, para muitos que estavam  isolados, era fazer a travessia a pé, arriscando ser puxado pelas águas.  Como Barreiros, a parte baixa de Palmares foi literalmente destruída.  Com a ajuda de um motoqueiro conseguimos chegar até a área mais  devastada – o centro comercial. Ali, o odor insuportável obrigava ao uso  de máscaras. Encontramos voluntárias da Igreja Batista de Jaboatão  ajudando na limpeza.

Como encontramos, igualmente, muita  reclamação de moradores. Macson Francklin, residente na área, contou que  ali não chega nenhum tipo de ajuda, nem comida, nem roupa, nem sequer  água. Informou que o prefeito Beto da Usina passou por ali, olhou,  prometeu ajuda e não mais sinal de vida. “Não podemos sequer acompanhar o  jogo do Brasil, porque estamos sem energia”, disse ele.

Do alto – e Palmares fica incrustada  em vários morros – o cenário que se observa é de desolação, de horror.  Gente andando de um canto a outro, sem saber o que será da vida. “Até  para conseguir comida aqui eles exigem que se cadastre”, reclama Maria  Bernadete, 35 anos, encontrada num abrigo da cidade.
 
 A reclamação dela está relacionada a  concentração da distribuição de cestas básicas e donativos na Faculdade  de Formação de Professores. Foi lá que encontramos a  “Operação  Reconstrução”, criada pelo Governo do Estado para socorrer as famílias  atingidas pelas cheias. Com a ajuda do Exército, os donativos são  recolhidos e levados para uma grande sala, onde dezenas de voluntários  ajudam na confecção das cestas básicas.
 
 São duas mil cestas básicas que saem  dali todos os dias. Ao lado, outra sala seleciona roupa, cobertores e  colchões para os desabrigados. “Eu vim aqui dar a minha solidariedade”,  diz a estudante Ivonete Cavalcanti da Silva , que está há 10 dias como  voluntária ajudando na produção e na embalagem da cesta básica.(Fotos  de Gianny Melo) 
Fonte: Blog do Magno Martins.







 
 
 
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